Guia Completo de Cuidados com Artrópodes: Dicas Essenciais para Mantê-los Saudáveis

Os artrópodes, como insetos e aracnídeos, vêm ganhando popularidade como animais de estimação exóticos no Brasil. Além de serem fascinantes, muitas espécies são de fácil manejo e exigem poucos cuidados em comparação com outros pets. No entanto, é essencial garantir um ambiente adequado para cada espécie e seguir as normas legais para sua criação, assegurando que sejam mantidos da forma correta.


1. Espécies Legalizadas no Brasil

Algumas espécies permitidas são:

  • Tarântulas brasileiras (Grammostola spp., Acanthoscurria spp.);
  • Baratas-gigantes de Madagascar (Gromphadorhina portentosa);
  • Milípedes africanos (Archispirostreptus gigas);
  • Escorpiões de criação autorizada (Tityus spp. e Pandinus imperator, sob normas específicas);
  • Louva-a-deus (espécies não ameaçadas e criadas em cativeiro).
Antes de adquirir um artrópode, é fundamental verificar se a espécie está legalizada e se o fornecedor possui autorização para a venda.

2. Terrário e Ambiente

Cada espécie possui exigências específicas de espaço, temperatura e umidade, que devem se assemelhar ao seu ambiente natural. O espaço deve ser sempre o maior possível.

  • Tarântulas
    • Terrário: 30x30x30 cm para espécies terrestres; maior em altura para espécies arborícolas.
    • Substrato: Fibra de coco ou turfa, com camada de pelo menos 5 cm.
    • Temperatura: 24-28°C.
    • Umidade: 60-80%.
    • Esconderijos: Troncos ocos ou cascas de árvore.
    • Alimentação: Insetos vivos (grilos, baratas, tenébrios).
  • Escorpiões
    • Terrário: 30x20x20 cm para adultos.
    • Substrato: Terra misturada com fibra de coco.
    • Temperatura: 26-30°C.
    • Umidade: 60-70%.
    • Esconderijos: Rochas ou pedaços de madeira.
    • Alimentação: Grilos e baratas pequenas.
  • Baratas-gigantes de Madagascar
    • Terrário: 20x20x20 cm para pequenos grupos.
    • Substrato: Fibra de coco ou papel picado.
    • Temperatura: 24-28°C.
    • Umidade: 60-70%.
    • Alimentação: Frutas, vegetais e ração para insetos.
  • Milípedes Africanos
    • Terrário: 40x30x30 cm para grupos pequenos.
    • Substrato: Terra rica em matéria orgânica.
    • Temperatura: 22-26°C.
    • Umidade: 70-80%.
    • Alimentação: Vegetais, folhas secas e frutas.
  • Louva-a-deus
    • Terrário: Mínimo de 30 cm de altura.
    • Substrato: Papel toalha ou fibra de coco.
    • Temperatura: 24-28°C.
    • Umidade: 50-70%.
    • Alimentação: Insetos vivos menores que sua cabeça.

3. Alimentação e Nutrição

A maioria dos artrópodes é carnívora e precisa de presas vivas para se alimentar. Algumas regras gerais:
  • Evitar superalimentação para prevenir obesidade ou problemas digestivos.
  • Oferecer alimentos variados, como grilos, baratas, tenébrios e larvas.
  • Para espécies herbívoras, garantir uma dieta rica em vegetais e frutas frescas.
  • Retirar restos de alimentos dos terrários para evitar proliferação de fungos e bactérias.

4. Cuidados com a Saúde

É importante que o tutor fique atento a possíveis mudanças de comportamento. Caso o artrópode apresente sinais clínicos, como:

  • Desidratação: Sinais incluem pele ressecada e dificuldades na troca de exoesqueleto. Corrigir a umidade.
  • Fungos e infecções: Podem ocorrer por excesso de umidade e ventilação insuficiente.
  • Dificuldade na ecdise (troca de exoesqueleto): Indica umidade inadequada ou deficiência nutricional.
  • Parasitas: Podem ser transmitidos por alimentos contaminados ou más condições de higiene.

Caso o artrópode apresente comportamento anormal, é essencial procurar um veterinário especializado em animais exóticos.

5. Curiosidades sobre Artrópodes Domésticos

  • As tarântulas não possuem músculos para mover as pernas, dependendo da pressão hidráulica interna.
  • Os escorpiões brilham sob luz ultravioleta devido a substâncias em seu exoesqueleto.
  • Algumas espécies de louva-a-deus podem mudar de cor para se camuflar no ambiente.
  • Milípedes liberam substâncias químicas defensivas contra predadores, mas são inofensivos para humanos.
  • As baratas-gigantes de Madagascar "assopram" para se defender, produzindo um som peculiar.
  • Muitos não sabem, mas esses animais também devem passar por consulta com um médico veterinário de pets exóticos, se necessário.

Conclusão

Criar artrópodes domésticos pode ser uma experiência fascinante e educativa. É fundamental garantir que a espécie seja legalizada e adquirida de forma responsável, além de proporcionar um ambiente adequado e uma alimentação balanceada. Seguindo essas orientações, seu artrópode terá uma vida longa e saudável em cativeiro.

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